Por Maria da Luz Lopes, na XIII Convenção Nacional
Saúdo todos e todas, delegados e delegadas, convidados e convidadas e também a comunicação social. Regozijo-me pela participação das mulheres nesta Convenção.
Camaradas
Depois da pandemia que levou aos despedimentos especialmente de mulheres, da precariedade e discriminação salarial que atinge em também em particular as mesmas, vivemos a realidade da inflação e desinvestimento nos serviços públicos, condicionada por uma guerra injusta e criminosa provocada pela Rússia e alimentada pelos interesses económicos americanos que controlam a NATO com a conivência dos países europeus.
Como em todas as guerras, o capitalismo rejubila com a oportunidade de faturar com os lucros da crise. Justificam-se os aumentos de preços dos produtos, o aumento da carga fiscal sobre as famílias, os preços das rendas e juros da habitação, a degradação dos serviços públicos, a austeridade encapuçada da contenção salarial e o ataque aos direitos e regalias dos trabalhadores, com a crise energética e a guerra.
Com esta situação sofrem todos os trabalhadores e desempregados, mas são especialmente as mulheres que fazem verdadeiros milagres para garantir a sobrevivência das suas famílias.
Estamos perante uma crise social que abandona os mais vulneráveis à sua sorte e também uma crise de valores que favorece a corrupção e a proliferação da propaganda populista da direita que com total impunidade tem alimentado ódios e ameaças racistas, xenófobas, sexistas e contra os grupos mais excluídos e descriminados da sociedade.
As raízes patriarcais da nossa sociedade, longe de serem erradicadas, têm-se intensificado aumentando a opressão e a dupla exploração das mulheres trabalhadoras, com particular gravidade das mais frágeis, descriminadas e indefesas como as imigrantes, as mulheres portadoras de deficiência, as idosas, as mulheres ciganas e de outras etnias, as lésbicas, bissexuais e trans, e muitas outras.
Sobre as mulheres recaem todos os dias as consequências da violência machistas que se refletem nas desigualdades económicas e sociais, assédios nos empregos, preconceitos sexistas, racistas e neocoloniais. Os femicídios executados por cônjuges, companheiros ou ex-companheiros das mulheres, atingem números que devem ser entendidos como calamidade social e a que é urgente e imperativo dar combate a todos os níveis.
Camaradas
O Bloco de Esquerda tem a responsabilidade de educar, orientar, votar leis e dar exemplo nas suas famílias, nos empregos e na sociedade, pelo empoderamento das mulheres, companheiras dos homens com direitos iguais.
Somos todos e todas feministas porque é preciso sê-lo e, enquanto for preciso, seremos todos e todas, feministas. Lutamos por um feminismo inclusivo que não descrimine ninguém em função da raça, etnia, orientação sexual, idade ou outra e porque estamos em emergência climática, Somos ecofeministas.
Num artigo da revista Ecossocialismo, o camarada Manuel Carlos Silva demonstrou que as desigualdades de classe, étnicorraciais e de género, não são uma fatalidades da natureza humana, são resultado de uma determinada estrutura que visa o controlo dos meios de produção e ou o domínio de classes e, por isso, a luta feminista passa também por preparar o processo da consciencialização e politização dos povos, especialmente dos oprimidos e excluídos que leve à verdadeira emancipação de todos os seres humanos, só possível numa sociedade ecossocialista.
Não é uma utopia, mas a realidade a conquistar, a única possível à sobrevivência e emancipação da humanidade.
Maria da Luz Lopes


