por Paulo Gonçalves, na XIII Convenção Nacional
320 mil milhões de euros foi o gasto europeu em 2022 com a escalada da guerra, num “bolo” à escala mundial que atingiu os 2.240 mil milhões de dólares para a guerra total. Os custos sociais, a todos os níveis, para os povos e para os trabalhadores, já estão a ser e vão ser dramáticos.
Uma guerra no seio da Europa, em consequência da condenável invasão e guerra expansionista do exército de Putin na Ucrânia, acentua todas as formas de exploração e opressão, acentua a crise climática e impõe a todos os níveis, social, político e ideológico, um controle social expresso na subjugação colonial da Europa pelos EUA/NATO, de afirmação de uma «nova ordem mundial», a «ordem liberal ocidental», são os “custos da competição estratégica contra a Rússia e a China”.
Nós afirmamos: “Nem NATO, Nem Putin, Nem Zelensky!” É todo um programa de luta a favor da paz, contra a guerra e as suas consequências para a classe trabalhadora e os povos da Europa.
Todos os partidos portugueses do sistema “escolheram o seu lado”. O Bloco em vez de apoiar os esforços de Lula em defesa da Paz, remeteu-se ao silêncio; anuiu nas resoluções do PE, levantou-se com grande entusiasmo batendo palmas a Zelensky e mais recentemente enfileirou oficialmente no «comboio parlamentar» da AR no quadro da “unidade europeia e atlântica” na guerra da Ucrânia, junto do fascista Ruslan Stefanchuk, responsável por assassinatos e prisões, repressor da oposição de esquerda ou dos sindicatos.
Quando o que se tornava necessário era uma mobilização e ações a favor do cessar-fogo imediato e da Paz. Só a rua, que devia ser o nosso terreno, pode ajudar a parar a guerra e a extrema-direita.
A génese do Bloco, partido-movimento, não é este! Pelo que se impõe retirar lições dos erros do percurso que foram feitos, desde que “começámos de novo” restabelecendo a esperança na luta e no futuro pelo socialismo. Impunha-se nesta Convenção retirar ilações dos erros, das derrotas sofridas e dos “silêncios ensurdecedores” que tivemos em muitas lutas ocorridas durante 2017-22 em que se garantiu a “Paz social”. Saliento o caso da reestruturação da TAP e o esmagamento dos direitos dos trabalhadores, despedimentos e cortes de salários pelo governo PS às ordens da União Europeia.
Foi colocado em causa o nosso projecto autónomo. Centralizámos os “centros de decisão” internos no Parlamento; perseguimos e desvalorizámos os militantes e a sua formação, e o debate político; as organizações de base, concelhias e distritais e os grupos de trabalho. Perdemos força e influência política. Longe vão os tempos em que “corríamos por dentro e por fora”, em que “não esperávamos nada do PS e não ficávamos à espera do PCP”, afirmávamos um projeto político autónomo, procurando aliados nos movimentos sociais.
A rua e os movimentos sociais e sindicais são estratégicos para a intervenção em tempos de guerra, de inflação, aumento do empobrecimento e de ataque aos serviços públicos.
Guerra social é o caminho que está a ser seguido pelas «contas certas» e pela «ditadura do déficit e da dívida» deste governo de maioria absoluta do PS. A União Europeia, o BCE e o FMI, mandam os povos apertar o cinto para continuar a guerra.
A situação exige toda a mobilização dos movimentos sociais e sindicais, a unificação das lutas, pois se foi e é importantíssima toda a luta dos professores pelos seus direitos, pelo “clik” que significou para a luta dos trabalhadores dos diversos sectores, dos quais destaco a luta dos trabalhadores dos Bares da CP, pela sua resistência, perseverança, envolvendo não só os seus 130 trabalhadores e suas famílias, bem como todas as ações de solidariedade, redundando numa importante vitória.
O Bloco tem de estar onde estão os trabalhadores nas empresas, nos setores de atividade ou na rua, juntamente com os trabalhadores, os pensionistas e os demais explorados da sociedade, pelo direito à habitação, pelo direito à greve que tanto em Portugal como na Europa está a ser posto em causa; por mais salário, escola pública de qualidade, direitos sociais e de segurança social, assumindo a luta contra a segmentação do trabalho, a uberização, a precariedade e o trabalho escravo. Trabalho digno, não pode ser apenas um slogan!
Nunca, como agora, a consigna “trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!” teve tanto significado para a unidade e luta contra a guerra e o imperialismo, unindo a classe trabalhadora contra os planos do capital e dos governos da UE.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras!
Viva o Bloco de Esquerda!
Paulo Gonçalves


