Faleceu aos 84 anos, no dia 24 de novembro, Mário Brochado Coelho, advogado, resistente antifascista, dirigente histórico da UDP e advogado da acusação no caso do assassinato pelo MDLP do Padre Maximino de Sousa e da estudante Maria de Lurdes Correia.
Natural de Vila Nova de Gaia, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra entre 1956 e 1962, tendo sido expulso pelo regime fascista devido ao seu envolvimento na luta estudantil. Concluiu a licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Defendeu presos políticos nos Tribunais Plenários do Porto e Lisboa e integrou a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Foi advogado do Sindicato dos Bancários do Norte, com intervenção na criação da Intersindical antes do 25 de abril de 1974.

Teve uma intervenção importante na vida associativa do Porto, nos finais da década de 60, nomeadamente no Cineclube do Porto, na Cooperativa Unicepe e na Cooperativa Confronto, fundada no Porto à imagem e semelhança da Pragma e cujo projecto liderou.
Foi membro coordenador do Tribunal Cívico Humberto Delgado (1977-78), movimento contra os crimes da PIDE/DGS nunca julgados. Foi consultor jurídico, desde 1974, de inúmeras associações de moradores do Grande Porto.
Foi fundador e membro do Conselho Nacional da União Democrática Popular e eleito duas vezes pela UDP como deputado municipal no Porto, em 1977 e 1981. Em 2009 foi candidato a Provedor de Justiça, proposto pelo Bloco de Esquerda. Recebeu em 2006 a Ordem da Liberdade.
Mário Tomé publicou na sua página do Facebook a seguinte mensagem:
Um dia triste para os militantes de causas. Morreu MARIO BROCHADO COELHO, Advogado antifascista, Homem do 25 de Abril, Sempre!
Hoje a partir das 17,30 , o corpo está em câmara ardente na Igreja do FOCO/Boavista. O Funeral é dia 25/11 , sai pelas 14,30 do Foco para o Prado de Repouso.
O Mário Brochado Coelho com a sua persistência, competência e entrega numa verdadeira luta antifascista, trinta e tal anos a lutar contra os truques da “burocracia” judicial no esclarecimento/ julgamento do assassinato do Padre Max e da Maria de Lurdes, a estudante que o acompanhava na campanha contra o analfabetismo, contribuiu para a exposição da criminosa trama bombista e do comprometimento das autoridades militares, policiais, religiosas, portanto do status quo político que esteve por detrás do 25 de Novembro.
Um acaso simbólico o Mário ser enterrado no dia 25 de Novembro.
Merece o maior respeito e admiração toda a sua vida marcada pela integridade e entrega à luta antifascista primeiro, à luta revolucionária durante o PREC e sempre por uma justiça comprometida com a verdade.

