por Luís Mouga Lopes
Passos Coelho ainda não sabe se vai participar nas ações da Aliança Democrática (AD), porque é do Chega, partido do seu amigo e braço direito André Ventura. Está-lhe no íntimo…!
Mesmo que um dia acorde saudoso de meter medo aos portugueses, passando a fazer parte da campanha da AD, que conta com um PSD que sonha com a austeridade e com o Don Sebastião da política, Sá Carneiro; com um CDS falido, social, política e financeiramente; com um PPM que pensa como Gonçalo da Câmara Pereira e com o Chega, que é uma mentira, que só berra aquilo que as pessoas querem ouvir, Passos Coelho não será “peça” importante de tal aliança. Tal como Cavaco e tantos outros, será aquilo que é: um mau exemplo de governador! Péssimo político; não, por ter sido eleito pelo PSD que, tal como os outros partidos, tem todo o direito de eleger deputados e, por consequência, escolher primeiros e diversos ministros e secretários de Estado, mas por ter sido desonesto e por não ter tido capacidade para desenvolver o País.
Lembro alguns factos: enquanto primeiro-ministro roubou direitos e rendimentos às pessoas, às famílias, acusando-as de viver acima das suas possibilidades; aumentou impostos descaradamente e, entre outras negociatas, vendeu os CTT, a ANA (território nacional) e a TAP ao desbarato. Poderia voltar a lembrar as várias traficâncias que têm empobrecido Portugal, mas vou lembrar uma das últimas, que tem estado na berra: o negócio da TAP. Ao contrário de Cavaco Silva e de António Guterres, Passos Coelho, após a moção de rejeição ao programa do seu governo decadente (2015), conseguiu privatizar a TAP, vendendo a maior parte do capital da companhia por zero euros ao consórcio Atlantic Gateway, formado pelos liberais David Neeleman e Humberto Pedrosa. Zero euros, porque foi a própria TAP, com capital público, que suportou o custo da capitalização da companhia, no âmbito dessa privatização, no montante de duzentos e vinte e sete milhões de euros. Por nada se vendeu um hub e toda a centralidade na conexão aérea de Portugal, toda a receita financeira, fiscal e contributiva de uma empresa chave para as contas internas (emprego direto e indireto) e externas (contributo para a balança de pagamentos) do País a um fundo de investimento privado.
O rancor ao setor público estatal é tanto que, por tuta e meia, se alienou – para além de todo o resto – mais de mil e quinhentos milhões de salários pagos, mais de mil milhões de euros de compras pagas a empresas portuguesas, mais de dois mil milhões de euros em receitas fiscais e contributivas. Se transferiu para um fundo sem fundo, mais de 1% do valor do PIB… É assim a festa liberal com que tantos portugueses sonham. Foi assim com a venda da TAP, mas também com as vendas da ANA, dos CTT, da EDP, da GALP, da PT e de partes essenciais do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública.
A estas e outras tantas injustiças praticadas em território nacional, não devemos permitir aquilo que a direita, que agora domina a UE, pretende: vender o que resta ao desbarato, acabar com a democracia, com a cooperação entre Países e o bem-estar da população europeia. A ideia que devemos ser egoístas, ao ponto de julgarmos os mais pobres (se é pobre é porque tem culpa), de acharmos que o empobrecimento e o desemprego fazem parte (rebéubéu pardais ao ninho), que o aumento das taxas de juro e a incompetência e a falta de respostas por parte dos políticos são regras de oiro (Portugal engole sapos), deve ser contrariada nas próximas eleições, sendo necessária uma robusta vitória da esquerda; de opções políticas que obriguem o PS a um compromisso que envolva todos os partidos de esquerda.
Uma obrigação que permitirá – para além de pressionar a UE a democratizar-se – ao reforço do papel do Estado, nomeadamente do setor público estatal, tendo em conta a extinção da pobreza, a implementação da regionalização e de programas que revolucionem este país salazarento (caluda, bolinha baixa; o Salazar é que era!), social e culturalmente.


