UMA OUTRA EUROPA SÓ É POSSIVEL COM A LUTA DOS POVOS E DOS TRABALHADORES!

A Moção E apresentou na reunião da Mesa Nacional, realizada no sábado, dia 13 de abril, o seguinte projeto de resolução sobre as eleições para o Parlamento Europeu, como contributo para o debate necessário:

“FIM À GUERRA,  DAR LUGAR À PAZ!”

 “A Guerra como a continuação da política por outros meios…”

. As eleições para o Parlamento Europeu de 9 de junho de 2024, ficam indelevelmente marcadas pela barbárie dos massacres em Gaza do povo palestiniano que o sionismo e o imperialismo americano desenvolvem, e pela guerra no seio da europa que se iniciou em 2014, quando um novo governo neo-nazi colocado no poder por um golpe organizado por agências americanas. Esta é uma guerra entre os EUA/NATO e a Rússia que visa amarrar a subserviente Europa a uma “economia de guerra”, sacrificando os trabalhadores e os povos, da qual nos temos vindo a demarcar agitando: “Putin fora da Ucrânia! Nato fora da Europa!”

Ao mesmo tempo que a matança continua por parte de Israel onde já morreram pelo menos 32.705 palestinos em Gaza, incluindo 13.000 crianças e 9.000 mulheres. Os EUA continuam a ser agentes ativos deste genocídio, em Gaza, com muitos alvos selecionados por Inteligência Artificial, responsável pela morte de sete trabalhadores humanitários, e do ataque a alvos do Irão, no Líbano, etc., na tentativa de generalizar o “conflito”, na tentativa de esconder o que está em causa neste genocídio.

Não podemos continuar a olhar para o lado como se nada se passasse. Impõe-se a multiplicações de ações de solidariedade com os povos oprimidos. Demarcamo-nos desta política da barbárie que tem significado de forma prática a “continuação da política por outros meios….”, dos EUA/NATO, para a afirmação da chamada “nova ordem mundial”.

A Guerra deve dar lugar à Paz

. A nossa intervenção deve estar alinhada pela Constituição (art.º 7.º) nas questões internacionais e pelo princípio do internacionalismo militante, assim propõe-se:

O reconhecimento imediato do Estado da Palestina por parte de Portugal; Assumir o fim da agressão colonial israelita e a exigência julgamento do governo de Netanyahu por genocídio, acompanhado pela Iniciativa para investigação e julgamento do governo de Israel por crimes de guerra e genocídio;

Exigir um cessar-fogo imediato na Ucrânia! Negociar um plano de paz! Redução geral das despesas militares, não arrastando a Europa para uma “economia de guerra” e de ataque aos direitos dos trabalhadores e dos povos!

Saída de Portugal da NATO; Reconverter a Base das Lajes num aeroporto de uso civil, devendo os EUA assumir todas as indemnizações devidas pelos danos ambientais e sociais causados;

Reforço dos compromissos de acolhimento de pessoas refugiadas e migrantes e recusa da Europa fortaleza, securitária e xenófoba; Rejeitando, igualmente, o “pacto migratório” recentemente pelo aprovado no P.E., também catalogado pelos ativistas, como um que “pacto mata”.

. Crise do sistema capitalista

. O sistema capitalista vem juntando crise à crise. Desde 2008, à escala global: da intervenção da troika, em especial nos países do Sul da Europa, às restrições das liberdades e dos direitos mais elementares a pretexto da pandemia e ao incremento do trabalho remoto e plataformizado. Um programa que acentua a cartilha neoliberal de financeirização, privatização, desregulamentação e imposição de austeridade crescente aos trabalhadores. Traduz-se, também, globalmente, em mais “esforços de guerra”, com consequências terríveis para as economias, para a vida dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos da sociedade, para o cerceamento democrático dos povos e para as conquistas dos trabalhadores expressas nas funções sociais do Estado. Agrava as desigualdades, a pobreza, a fome dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos da sociedade. Num momento, em que a direita e a extrema direita têm estado em ascensão, pela mão dos partidos do «centro» e do imperialismo americano.

. A crise ecológica já é, e será cada vez mais nos próximos tempos, uma questão social e política de primeira grandeza no séc. XXI. É o futuro do planeta e, em consequência, da humanidade que está em causa!Esta questão é parte integrante e fruto da crise do sistema capitalista, do modo de produção que visa unicamente o lucro infinito. As guerras em curso, nomeadamente a da Ucrânia e de Israel contra a Palestina, agravam ainda mais os problemas ambientais. além dos sociais e laborais.  

O Acordo de Paris e o relatório dos 1,5ºC do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, dos quais Portugal e a UE são signatários, exige um corte de 50% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030, para evitar um aumento de temperatura acima dos 1,5ºC até 2100. Mesmo insuficiente, era fundamental que fosse cumprido este acordo, o que não vai acontecer, alimentando cada vez mais a vaga de refugiados climáticos.

Recusamos esta “transição verde” que o sistema capitalista nos quer apontar. Pugnamos por uma transição controlada pelos trabalhadores e suas organizações, que respeite todos os direitos dos trabalhadores empregados nas indústrias fósseis, sem despedimentos nem perdas de direitos salariais, de carreira e pensões, com formação profissional qualificada. Recusamos a demissão de responsabilidades dos representantes públicos ante as manobras dos proprietários privados, como se passou com os trabalhadores de refinaria de Matosinhos e da Central Termoeléctrica de Sines.

A União Europeia, ao contrário do que proclama o seu “Pacto Verde”, não promove políticas que deem efetivas respostas aos problemas das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da degradação do ambiente e dos ecossistemas, antes coloca acima de tudo a mercantilização da natureza e dos seus recursos e os lucros – demonstrando que o capitalismo não é verde. A natureza não está à venda!

Perante a emergência climática e a falta de empregos com direitos e salários dignos, os governos em vez de investir e iniciar um percurso de alterações no mundo do trabalho para a neutralidade carbónica, continuam a servir os interesses das indústrias fósseis, prosseguindo, assim, a política da União Europeia de oferecer ao patronato subvenções de milhões para despedir e lucros garantidos para investir nos novos sectores. O único compromisso que têm verdadeiramente assumido é o de transferir ainda mais rendimentos para o capital.

Exigindo-se:

– O combate às alterações climáticas, abandonando os mecanismos de mercado, lançar um programa significativo de investimento público e garantir uma redução efetiva das emissões de gases com efeito de estufapromover o transporte públicopromover a eficiência energética e as energias renováveis.

– A rejeição da patenteação da vida e a mercantilização do ambiente, nomeadamente o mercado de carbono, com os seus regimes de comércio de emissões.

– A diminuição da produção de resíduos e a promoção da reciclagemdefender e promover a biodiversidade e o bem-estar animalrespeitar o princípio da precaução.

– A promoção da soberania e da segurança alimentares, a produção e o consumo locais, a utilização sustentável e equitativa dos recursos naturais em benefício dos povos, aumentar a utilização de recursos renováveisrespeitar o direito de cada país de defender o seu combinado de fontes de energia.

– A defesa e garantia da propriedade e da gestão pública dos serviços de água e saneamento.

– Defesa dos Empregos pelo Clima.

. NÃO PODEMOS FECHAR OS OLHOS AO DRAMA à catástrofe humanitária e a hipocrisia da UE que perante a chamada crise dos refugiados que chegam à Europa, cerca de 1 milhão de pessoas, assistimos a uma redução drástica dessas chegadas com discursos e práticas de crimes cometidos contra os direitos humanos de migrantes e refugiados que se viram literalmente à deriva, com os Estados-membros a cederem em toda a linha à chantagem do governo italiano de extrema-direita. Aos refugiados das guerras e dos conflitos, juntam-se os refugiados climáticos, que serão cada vez mais, mas as instituições europeias preferem continuar a fomentar o ódio. Erguem-se muros, fecha-se os olhos às atrocidades que vão acontecendo. A grande hipocrisia da UE é que mantém estes imigrantes anos e anos a fio em situação ilegal, alimentando as redes de tráfico humano e o ressurgimento de formas de trabalho escravo que agora se vão acentuar com a aprovação no P.E. do chamado “pacto migratório”. Neste contexto europeu Portugal não é uma exceção, mesmo tendo, nos últimos anos, dado passos importantes para humanizar as leis de imigração que precisam de ser aprofundados, e que ameaçam ser postos em causa perante os avanços da direita e da extrema direita que ganharam força com o resultado das recentes eleições legislativas de 10 de março.

O mundo está em profunda mudança face à crise do sistema capitalista …

UMA OUTRA EUROPA SÓ É POSSIVEL

COM A LUTA DOS POVOS E DOS TRABALHADORES!

      . UMA OUTRA EUROPA SÓ É POSSIVEL COM A LUTA – As eleições para o Parlamento Europeu serão um importante momento para fortalecer a nossa luta por uma outra europa, pela paz, cooperação e o progresso social. Múltiplas e importantes lutas estão a ter lugar em defesa dos direitos laborais, dos direitos sociais, dos serviços públicos, do ambiente, e em solidariedade com outros povos, nomeadamente com o povo palestiniano, bem como por uma Europa que sirva os trabalhadores e os povos e deem resposta às suas necessidades e aspirações. É nessa luta que teremos empenhados, envolvendo as forças à esquerda, sindicatos e outras organizações dos trabalhadores e os movimentos sociais.

A maioria absoluta do PS e agora o governo da AD escolhem a subordinação – e submissão – aos poderes de Bruxelas, de Washington e da guerra. Aceita-se uma política monetária que castiga fortemente quem tem crédito à habitação e uma política orçamental que retira recursos aos serviços públicos e ao investimento no país. Posicionamos pela autonomia total do país para decisões sobre o sistema financeiro e a desvinculação do tratado orçamental e a saída da NATO.

Os valores proclamados pela União Europeia não escondem uma preocupante e crescente restrição das liberdades e dos direitos democráticos – nomeadamente sociais, incluindo direitos laborais e sindicais, económicos, políticos, de habitação, culturais e ambientais.

. Revogar o Tratado Orçamental e o Pacto de Estabilidade e Crescimento

 Portugal, com um Banco de Portugal submetido ao BCE, e amarrado a uma União Bancária europeia que retira elementos de soberania ao nosso país, acatou e replicou essas subidas de juros. Ao mesmo tempo, a subjugação ao Tratado Orçamental e a vontade dos Governos de bajular os tecnocratas de Bruxelas fizeram com que uma parte significativa da riqueza nacional não fosse utilizada para as políticas, quer de combate à inflação, quer de promoção do bem-estar da população.

Esta guerra não declarada contra os trabalhadores, pensionistas e, em geral, contra os mais desfavorecidos, pode produzir excedentes orçamentais, mas os trabalhadores e os pensionistas continuam com rendimentos muito baixos, quando não em situação de pobreza.

As recentes decisões da UE de retomar de maneira agravada a aplicação dos critérios de Maastricht – com particular destaque para o saldo primário estrutural, que institucionaliza a austeridade – e o semestre europeu vão contribuir para reforçar a exploração e o empobrecimento dos trabalhadores, dos pensionistas e dos mais desfavorecidos da nossa sociedade, continuando, ao mesmo tempo, a abrir caminho às forças da extrema-direita.

Os governos portugueses curvam-se e submetem-se em nome das chamadas «contas certas». Depois da troika, de que os trabalhadores nunca recuperaram verdadeiramente, a União Europeia, o BCE e e o FMI reduzem diretamente o rendimento dos trabalhadores, aumentando as taxas de juro. E, mandam “apertar o cinto” ainda mais: é uma ofensiva que impõe mais sobre-exploração do trabalho, em nome dos tratados europeus, da dívida e do défice.

A aplicação do Tratado Orçamental e do Pacto de Estabilidade e Crescimento tem como consequência o desinvestimento nos serviços públicos e a escassez de recursos humanos. Além disso, impõe um modelo de gestão privatizadora, incompatíveis com o progresso social. O SNS é desmontado à frente dos nossos olhos, para dar lugar ao negócio e à lógica do mercado da saúde. O ensino público definha, desprezando e desqualificando os seus profissionais, enquanto prosperam os colégios privados, não raramente subsidiados pelo Estado. A especulação imobiliária dos grandes fundos internacionais expulsa os trabalhadores das cidades, condenando-os a jornadas de trabalho intermináveis.

A famosa “bazuca”/PRR (em versão reprogramada) só vem acentuar os atrasos estruturais e de endividamento do país. Reforça a transferência de verbas para o financiamento das empresas, enquanto, nas questões sociais, pontua o retrocesso. Em desenvolvimento está a “reforma” do financiamento do sistema da segurança social que o governo da AD também assume, o que acentuará a privatização parcial do sistema público e o transformará num sistema assistencialista.

O modelo de desenvolvimento português continua muito assente numa politica de baixos salários e numa enorme precariedade. O desemprego volta a subir, não só pelos despedimentos coletivos, como por via do termo dos contratos precários. Portugal continua a ser um país atrasado, mesmo depois de 4 décadas a receber fundos comunitários, o que nos deve levar a debates de fundo na sociedade e a fazer propostas de fundo.

Os compromissos que se impõem são os da insubmissão e mesmo ruturas com a União Europeia aos seus Tratados e às regras do euro:

Garantir o direito de todos os povos ao desenvolvimento, ao aproveitamento sustentável de todo o potencial de cada país; promover uma efetiva convergência económica e social no progresso de todos os países; revogar a Governação Económica Europeia e o Pacto de Estabilidade; Desvinculação do País do Tratado Orçamental.  Rejeitar a dependência do BCE e dos interesses do capital financeiro; Autonomia total do país na tomada de decisões sobre o sistema financeiro, incluindo processos de nacionalização, recapitalização, resgate, resolução ou venda;

A dívida pública do País nas atuais condições e regras, é impagável, pelo que se exige a sua renegociação.

Defender o controlo público de sectores estratégicos da economia; combater a política e as medidas neoliberais da UE que se opõem a esta necessidade; pôr fim ao mercado neoliberal de energia e a todos os processos de desregulamentação, liberalização e privatização noutros sectores.

Eliminação das regras do mercado interno que condicionam a possibilidade de decisões soberanas sobre política industrial dos Estados-membros, nomeadamente no que diz respeito a políticas de compras públicas, motivadas pelo desenvolvimento de setores estratégicos ou de circuitos curtos.

Exclusão da comparticipação nacional associada aos fundos comunitários do cálculo do défice, bem como do investimento público associado a serviços públicos essenciais e cumprimento das metas ambientais.

Inversão das prioridades da política monetária, na medida em que se mantenha o atual quadro, colocando a promoção do pleno emprego; Reforço da política de coesão, seja através de recursos próprios assentes na tributação de rendimentos de capital, seja através do aumento das contribuições, e da sua capacidade redistributiva.

Promover a cooperação para prevenir e combater o branqueamento de capitais e a fraudea evasão e a elisão fiscaispôr fim aos paraísos fiscais e aos fluxos de capitais não regulamentadoscombater atividades especulativaspromover a justiça fiscal, com medidas que reforcem a tributação sobre o grande capital.

Promover a cooperação em matéria de tributação de capitais, nomeadamente quanto a um imposto sobre as transações financeiras ou sobre as multinacionais do sector digital.

 POR UMA EUROPA SOCIAL

As politicas neoliberais, pese a resistências dos trabalhadores e dos povos, da U.E., da OCDE, etc., têm vindo cada vez mais a seguir um caminho de desregulação laboral e social, que tem aberto o caminho de progressão às forças de extrema direita, normalizando-a, ao centrar o seu ataque em tudo o que é social e público: sistemas públicos de segurança social, na saúde, educação, administração pública, etc. e no trabalho, promovendo a uberização das leis do trabalho, restringindo fortemente o direito à greve, ao salário digno, ao mesmo tempo que promove jornadas de trabalho indetermináveis, ao mesmo tempo que diz promover a conciliação entre o trabalho e a família, tudo a pretexto do desenvolvimento tecnológico, – da digitalização, robotização, a plataformização e a evolução e gestão algorítmica, etc. -. Tudo é pretexto para precarizar o trabalho e o trabalhador, o colocar ao nível da escravatura digital, não esquecendo aqui a forma como são tratados os imigrantes no trabalho e na vida.

Pelo que há que assumir:

A definição de padrões de proteção laboral, social e ambiental em todo o espaço europeu, que trave a corrida para o fundo nos direitos e na sustentabilidade, e imposição desses padrões em quaisquer acordos comerciais com países ou regiões terceiras.

– O aumento dos salários, pensões e das prestações sociais, caminho indispensável para uma distribuição mais justa da riqueza; rejeitamos todas as formas de austeridade assumidas ou a assumir.

– A erradicação de todas as formas de precariedade laboral; reduzir a jornada de trabalho, sem perda de remuneração; diminuir a idade de reforma e garantir a sustentabilidade dos sistemas públicos de segurança social e de saúde; A promoção do pleno emprego; erradicar a pobreza e a exclusão social.

– A defesa e a promoção de direitos laborais e sindicais, nomeadamente o direito à greve e à negociação coletiva – que garanta gradualmente uma cobertura de 100% –, incluindo os direitos dos trabalhadores das plataformas digitais.

– A defesa e promoção dos serviços públicos, implementar o direito à saúde, à educação, à segurança social, à habitação ou à cultura.

– Defender uma cooperação solidária entre Estados e povos, para a paz e o progresso social; Defender as liberdades e garantias democráticas, incluindo os direitos digitais dos cidadãos, a privacidade, a proteção dos dados pessoais e a neutralidade da Internet; rejeitar mecanismos repressivos de controlo, vigilância e censura.

  Lisboa, 13 de abril de 2024                                                                 A Moção E

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