Parlamento Europeu exige que todos os Estados Membros da UE e os aliados da NATO se “comprometam a apoiar a Ucrânia militarmente com, pelo menos, 0,25 % do seu PIB anual”
O Parlamento Europeu (PE) recentemente eleito aprovou por maioria[i] uma resolução denominada “A necessidade de a UE apoiar continuamente a Ucrânia” (Resolução B10 0007/2024 do PE), em que declara “inabalável” o apoio à continuação da guerra, pelo que se compromete a “prestar apoio político, financeiro, económico, humanitário, militar e diplomático durante o tempo que for necessário para garantir a vitória da Ucrânia.”
Numa das suas primeiras iniciativas após as eleições europeias e sob proposta subscrita por eurodeputados do PPE (PSD e CDS), S&D (PS), ECR, Renew e Verdes/ALE, o PE reafirma a estratégia belicista que tem vindo a alimentar ao lado da NATO para lidar com o conflito na Ucrânia.
A exigência de cessar-fogo imediato e a definição séria de um plano de paz não está no horizonte de uma União Europeia absolutamente centrada no apoio à continuação da guerra “para garantir a vitória da Ucrânia”. Uma “vitória” à custa de milhares de mortos de um e de outro lado, da destruição de infraestruturas essenciais, do agravamento da situação social e de graves danos ambientais no território.
No meio do desastre de uma guerra na Europa que já dura há mais de dois anos, a maioria do PE nada mais faz do que congratular-se “com os resultados da Cimeira da NATO e reitera a sua convicção de que a Ucrânia está na via irreversível de adesão à NATO”, instando “a UE e os seus Estados Membros a aumentarem o seu apoio militar à Ucrânia durante o tempo necessário e sob a forma que for necessária.” O financiamento da guerra não é esquecido na resolução do PE, exigindo que todos os Estados Membros da UE e os aliados da NATO “se comprometam a apoiar a Ucrânia militarmente com, pelo menos, 0,25 % do seu PIB anual”, ainda que à custa dos orçamentos para apoios sociais em cada país.
Dos eurodeputados portugueses, os da extrema-direita, da direita e do PS votaram a favor. O PCP votou contra, a eurodeputada do BE não viu razões para votar contra a opção belicista e absteve-se.
De notar que o GUE/NGL, em que se inserem quer o BE quer o PCP, se dividiu. Houve 18 membros que votaram a favor e 15 que se posicionaram contra, para além das 13 abstenções de membros para quem, à semelhança da eurodeputada do BE, não incomodou por aí além o total alinhamento com a lógica de guerra da NATO. Uma votação afinal bem demonstrativa das contradições e da difícil consistência política do próprio grupo.
De notar que os eleitos do novo partido da esquerda alemã, a BSW – Aliança Sara Wagenknecht, que elegeu seis eurodeputados, votou contra a resolução, reiterando a sua posição antiguerra e em defesa de uma Europa concentrada no estabelecimento de um plano de paz. Os eleitos da BSW no PE encontram-se no grupo dos Não Inscritos.
[i] A Resolução B10 0007/2024 do PE obteve 495 votos a favor, 137 contra e 47 abstenções.

