A paralisação arrancou na fábrica Santos Barosa e prossegue nas restantes empresas do grupo até dia 29. Trabalhadores exigem aumento dos salários e do subsídio de turno e queixam-se de jornada longa e das más condições de trabalho.
A greve foi convocada pela Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM), para o período de 25 a 29 de março. A paralização afetará as três empresas do Grupo Vidrala – Santos Barosa, Gallo Vidro e Vidrala Logistics. As greves decorrem de noite e dia, com permanência de largas dezenas de trabalhadores como piquetes de greve na entrada das fábricas.
Nos três pré-avisos de greve constam reivindicações como aumentos de salários e de subsídio de refeição, atualização do subsídio de turno, 35 horas de trabalho semanais, prémio de produção ou mais dias de férias.
A adesão à paralisação nas três empresas, com cerca de 900 trabalhadores, está a ser elevada. À porta da Santos Barosa, Sandra Ferreira, em declarações à RTP, diz nunca ter visto desde os anos 1990, “quando vim para aqui trabalhar, condições de trabalho como há atualmente. Eles estão-se a marimbar para o pessoal que produz dentro desta empresa. Nós é que temos de passar aqui todas as noites, eu passo metade das noites da minha vida, eu e os meus colegas, a trabalharmos aqui.” A injustiça do valor do subsídio de turno é outra das queixas de quem trabalha no grupo Vidrala . Para António Loureiro, “é injusto esta empresa estar a pagar 22,5% desde que eu aqui trabalho. Toda a gente tem família e filhos. Fins de semana, feriados, natais, estamos cá todo o ano e não há essa recompensa…”
A Vidrala, um grupo espanhol, comprou há cerca de 8 anos a Santos Barosa, a última fábrica do subsector do vidro de embalagem na Marinha Grande que ainda era controlada pela família fundadora nos finais do Século XIX. O Grupo Vidrala remonta a 1965, no País Basco, é dos maiores na Europa no setor. Desde 2003 adquiriu concorrentes em Espanha, Portugal, Itália, Bélgica e Reino Unido, sendo o quarto maior produtor europeu, com vendas que rondam os mil milhões de euros e lucros muito elevados.

