O terceiro maior sindicato agrícola da França, acompanhado por várias dezenas de associações e coletivos, convocou agricultores, defensores do meio ambiente e consumidores para se manifestarem, no passado dia 14, em Paris e dizerem “um não firme e definitivo” ao acordo UE – Mercosul que afeta os agricultores, o ambiente e a soberania alimentar.
Todos os sindicatos agrícolas franceses opõem-se firmemente a este acordo entre a União Europeia e quatro países latino-americanos do Mercosul, cujo processo de ratificação foi lançado por Bruxelas no início de Setembro.
Este acordo, que está em cima da mesa há décadas, mas foi assinado no final de 2024, favorece os setores exportadores da grande indústria e do agronegócio, mas expõe os pequenos e médios produtores da UE à importação, com redução das taxas alfandegárias, de carne bovina, aves e vários produtos agrícolas, colocando em causa a sobrevivência dos agricultores e, consequentemente, a soberania alimentar.
“Este é um acordo que vai desconstruir a nossa segurança alimentar, promover a concorrência e, em última análise, a política do mais barato”, disse Stéphane Galais, uma das duas vozes da Confédération Paysanne.
“Numa altura em que as questões climáticas nunca foram tão urgentes, como podemos ainda imaginar defender a ideia de trocar carros e serviços pela nossa comida?”, questionou.
Para o sindicato, herdeiro das lutas camponesas altermundialistas e historicamente contrário aos acordos de comércio livre, “é um não firme e definitivo!”.

