QUE BLOCO QUEREMOS?

Por Alberto de Sousa, na XIII Convenção Nacional

Apesar do aumento colossal das receitas financeiras do Estado e das verbas da União Europeia ao dispor do Governo, a vida de largos setores da população que trabalha não pára de empobrecer. Enquanto a situação social se agrava, a situação política tem como pano de fundo a incapacidade política da maioria PS para governar o País, abrindo a porta, a cada dia que passa, a eleições antecipadas.

Neste cenário, o Bloco tem boas condições objetivas para intervir, para se afirmar como Oposição à esquerda e crescer eleitoralmente e não só.

Mas para que tal aconteça é necessário resolver duas questões essenciais:

A primeira, passa por se fazer uma análise profunda aos erros de orientação política que muito contribuíram para as sucessivas derrotas eleitorais.

A segunda, prende -se com a situação partidária, o funcionamento interno, a democracia interna e a unidade do Partido.

Para haver unidade não tem de existir unanimidade ou ausência de critica de pensamento e sensibilidades diversas. Mas é preciso dar passos corajosos para uma progressiva erradicação do sectarismo e da prepotência que se tem vivido e que tem levado à quebra de militância, desmobilização e abandono do Partido.

Vou dar-vos alguns exemplos concretos:

Nas penúltimas eleições para a Coordenadora Concelhia de Vila Nova de Gaia, houve duas listas porque o então coordenador da Concelhia não aceitava a proposta de integração numa lista conjunta de uma camarada, com um bom trabalho na Assembleia de Freguesia de Mafamude, com a argumentação de que, o que eu queria “era reforçar a minha tendência na Concelhia”.

Esta posição de exclusão e prepotência, não resultou porque, em vez de 2 que estariam indicados para uma lista de unidade, foram eleitos 4 elementos.

As últimas eleições, realizadas há apenas 10 meses, deram 8 elementos à lista apoiada pela anterior maioria e 5 à lista alternativa. Na primeira reunião foram sugeridas e propostas formas de mudança de funcionamento interno tais como: reuniões mensais aos sábados com espaço de tempo para debate político e um secretariado composto de acordo com os resultados saídos das eleições.

A resposta não podia ter sido mais sectária e arrogante. As reuniões mensais, que anteriormente se realizavam uma vez ao sábado e outra às sextas-feiras, passaram a ser sempre às sextas-feiras, com o propósito de impedir um elemento, democraticamente eleito, de participar nas reuniões devido ao seu trabalho profissional ser noturno.

Esta concelhia não tinha condições para funcionar normalmente, pois quando impera a arrogância e o sectarismo de uma maioria sobre a minoria a unidade está irremediavelmente comprometida.

Esta situação em Vila Nova de Gaia viria a culminar com a inesperada demissão de 6 membros da maioria, incluindo o secretariado.

Importa aqui salientar que, perante esta gritante irresponsabilidade política, a atitude do João Martins e do Nelson, deputados Municipais, foi a de manterem os seus cargos na Coordenadora, assegurando dessa forma o quórum da Coordenadora Concelhia.

Este exemplo que trouxe aqui, infelizmente é o pão nosso de cada dia no Bloco. Será que não temos de nos interrogar porque é que há tanta quebra de militância, demissões de cargos municipais, como os casos da Luísa Ferreira da Silva (Vila Nova de Gaia) e do João Matos (Espinho) e tantos e tantas aderentes e até de dirigentes que abandonaram o Partido?

Àqueles camaradas que no Porto, face à incapacidade para responder a estes problemas, defendem a tese de que os males do Bloco se devem a esse “vírus da Convergência”, sugiro que retirem das vossas cabeças essa fantasia delirante e saibam trabalhar em coletivo sem discriminações e exclusões.

O Grande Vladimiro, escreveu e teorizou, muito bem, que o esquerdismo é a doença infantil do comunismo. O sectarismo partidário é o veneno que, se não for combatido e extirpado do nosso seio, comprometerá seriamente o futuro de um Partido que tem todas as condições para se organizar democraticamente, mobilizar e crescer na sociedade portuguesa.

Viva a XIII Convenção do Bloco de Esquerda!

Viva O Bloco de Esquerda!

Alberto de Sousa

Um pensamento sobre “QUE BLOCO QUEREMOS?

  1. Lembraria apenas as palavras da Catarina que declarou com amaior das convicções que faria tudo de novo talqualmente. Ou seja, erro não houve, asneiras ainda menos e tudo vai bem no melhor dos mundo.
    E quando vier o próximo desastre eleitoral (que virá breve, tenho a certeza), vão dizer-os que tivemos azar e que o que preciso é continuar na mesma.
    Nesse peditório, o pessoal já deu.

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